Hoje tive saudades de quando eu era apenas uma criança, saudades da pureza do olhar infantil, saudades da menina que achava que amor era apenas aquele cuidado, carinho e conforto dado pelos pais, saudades da minha avozinha, saudades de enxergar a alegria em coisas simples, enfim, saudades até de aceitar que a única coisa em que eu preciso e tenho na vida se chama família. Eu tenho essa certeza, mas ser adulto é bem difícil, foi ai que a realidade se estampou em meu rosto e foi inevitável não colocar pra fora todas emoções, quis chorar, então chorei, quis gritar, então gritei, quis expor o que sinto pra me sentir mais leve, então assim o fiz e aqui está.
Pra mim o mais difícil em ser adulto é sentir essa necessidade horrível, maçante, dolorosa, indescritível de ter ela aqui comigo.
Vivo em pé de guerra com meu coração e ele está sempre vencendo todas as batalhas, às vezes me pego cantarolando a famosa música: _ Quem inventou o amor? Me diga, por favor... Dai paro para analisar a frase e me pergunto de verdade quem inventou a dor? Sim, porque foi lá longe, um tempinho depois dos momentos de infância felizes; que descobri, ou melhor, que senti o poder dessa palavra em mim e como ela me persegue, antes fosse apenas à dor física, mas ela tinha que ser forte assim a ponto de atingir meu coração, minha alma.
Aqui prestes a sair para enfeitar um pouco a vida e amenizar essa potência, uma lágrima escorre fazendo o caminho para um sorriso tímido aos meus amigos, que não me entendem, mas que se esforçam pra entender e me fazer feliz. Por diversas vezes são os responsáveis por arrancarem de mim boas e verdadeiras gargalhadas.
Mas quando estou só, e só de você que lembro, e só com você que quero estar, é só você que parece acalmar minha alma, é só de você que quero cuidar, foi só você que depois de tanto tempo e mesmo sem fazer muito, e mesmo sem eu te ver tanto... É só você que quero falar todos os dias e ai parece que é só você também que têm o antídoto para essa dor. E depois de expor tudo isso, as saudades citadas ainda existem, mas por agora; como uma menina, é só de você que tenho saudades e trocaria qualquer coisa pela alegria simples de deitar em seu colo e receber um cafuné.
__ Solange Cruz